segunda-feira, outubro 10, 2005

Ponte Movediça

Venhas logo, e não demores mais
aqui nesta vida não existe paz
e a que já existiu parece fugaz
exaustos instantes, talvez demais

Busca que é contínua de alimento
de sol que aparece num momento
brilho de estrelas que fomento
à beira das janelas do lamento

E sobre telhados de lágrimas
calhas se entopem de máximas
e coisas adiadas nas estimas
corpos de marcas e estigmas

Andando permanecem deitados
nas camas ou verdes relvados
carregando os olhos molhados
de pilares diários dinamitados.

Fomos do Bom

A chuva que me acordou transformou-se em uma garoa fina e me fez adormecer novamente
como a chave que abordou e transbordou-se numa garota íntima que fez arremeter demoradamente
entrei numa nave que aterrisou e mudou-se pruma marota mística que fez alvorecer a minha mente
como luva se acertou transportar-me na bruma duma coroa mínima que fez ascender ao transcendente

uma mudança no núcleo das coisas que já foram vistas pelos primeiros gêneros de nossas tradições
fuma na audiência dos mucos à toas que faz visitas nos gelos dos primos gênios das exaltações
e a poupança dos custos em lousas explicitadas em martelos guerreiros gemem em todas as prisões
na cadência de lucros das falsas investidas nas fraudes dos pregos que espremem nossas gerações.

Possibilidade

Se acendem luzes artificiais
e então é quando o sol se vai
momento de revisar a peça
este mundo da minha cabeça
que aparece em seus pontos
batendo em peitos tontos
instante justo de querer
e algo para se oferecer
importante para o batimento
continuidade do movimento
na espera do que almeja
entretanto só a noite chega
a seguir o desejo chegou
da felicidade que viajou
e sem deixar um endereço
e é isso o que eu mereço?
quem sabe em uma outra hora
ela voltará como outrora
ou teria um outro vestido
que faça melhor sentido
aterrisando na minha vida
deserta desde a partida
e o aeroporto desta alma
saia desta rota tão calma
dum vazio tédio do corpo
enquanto bebo em meu copo
nenhuma bebida de sempre
pelo calor que é ausente
que provoca amargo gosto
e contrasta com meu rosto
visto num espelho pálido
pois aguarda beijo cálido
mas tudo tem um fim
num enredo bom ou ruim
do que será ou virá
e minha voz se ouvirá
como encontro inevitável
dizendo num som amigável
pra quem me olha sorrindo
neste universo infindo
que mergulho na saudade
de viver a possibilidade.

Decidir

Eis a questão pendente
Para optar decididamente
Sentindo o presente
Diposição pelo ente
Aproximar-se é evidente
Alternativa premente
Escolher e sair crente
Do estado dormente
Germinar a semente...