tumultos e deserto
Caminhando num horizonte disperso
calor ao dia, frio à noite, mas ir
razões desde as últimas madrugadas
a pé mesmo que seja neste caminho
Um rosto dissipa-se como um traço
que a borracha da memória riscou
mas não se deve olhar direto ao sol
avermelhado na pele não se tratou
O que há nessas mesas sem toalhas
sem flores ou cadeiras de descanso
pedindo favores, de talheres na mão
mas num chão há espaço confortável
para olhos que se acendem no escuro
Se os tijolos são de areia mascada
as pedras de silício pedem silêncio
e ouço a minha voz apenas com pena
em que línguas não mais se entendem
Acordar para um pesadelo de frente
indo para o Infinito quando deitar
é melhor não mais pensar no delito
pois o cheiro de nada se aproxima
Isso mata quebrando palavras ao meio
ditas para ouvir minha mente cativa
perguntas que contam meus créditos
mas no deserto despede-se do insano
Há penas para todos que ainda existem
a vida das pessoas como moeda de troca
essa gente penitente, um pouco lerdas
imaginam viver nas cidades de merdas.
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(Copyright © 2005 A.José C.Coelho. Todos os direitos reservados.)
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